terça-feira, 6 de abril de 2010

WAF World Architecture Festival - by ARCOWEB

              A segunda edição do World Architecture Festival (WAF), apesar da organização inglesa, manteve Barcelona como sede do evento. No início de outubro passado, 297 projetos foram apresentados e julgados por uma plateia de quase 50 júris de diversos países. No final de intensos três dias, sagrou-se vencedor um pequeno projeto na savana africana, cujo autor, o sul-africano Peter Rich, declarou: “O arquiteto deve servir a sociedade”.

     Para aqueles que haviam participado do júri na primeira edição do World Architecture Festival, a rápida reunião com Paul Finch na sala número um do Centro de Convenções Internacional de Barcelona teve poucas novidades. As regras eram praticamente as mesmas: dez minutos de apresentação dos projetos, mais cinco minutos para as perguntas e comentários dos membros do júri. Para que os mais de 1.500 visitantes pudessem acompanhar as intervenções que lhes interessavam, estas deveriam cumprir horários rigorosos. Contudo, ao contrário do ano passado, nada de cartões amarelo e vermelho para sinalizar quanto tempo de apresentação ainda faltava. Outro item diferente: não haveria cronômetro na mesa (o que atrapalhou a atenção dos jurados, que tiveram de recorrer aos relógios pessoais e celulares). Além disso, a edição 2009 do WAF se diferenciou pelo número de categorias: além das 15 já adotadas anteriormente, foram acrescentadas três seções - Interiores e Fit-Out, Desenho Estrutural e Projetos Futuros (da qual fui um dos jurados), cada qual com diversas categorias. No final, o prêmio de interiores foi para o showroom da Corian em Milão, desenhado por Amanda Levete; o prêmio de estrutura ficou com o UPI-2, de Arena Zagreb, na Croácia; e a proposta do futuro escolhida foi o pavilhão espanhol na Expo Xangai, criado por Miralles Tagliabue.

     Ao todo, foram mais de 270 projetos concorrentes, muitos deles realizados por projetistas e escritórios estrelados, como Richard Rogers, Nicholas Grimshaw, Miralles Tagliabue, Will Alsop, Ehrlich Architects, Coop Himmelb(l)au e SOM, entre outros. Na outra ponta, estavam os jurados, com arquitetos e representantes da mídia, tais como Peter Cook, Sou Fujimoto e Charles Jencks. O chamado superjúri, que examinou todos os vencedores para eleger o projeto do ano, foi presidido por Rafael Viñoly (uruguaio radicado nos EUA) e integrado por Suha Ozkan (Turquia), Matthias Sauerbruch (Alemanha), Farshid Moussavi (iraniano radicado na Grã-Bretanha) e Kengo Kuma (Japão). Entre os eventos paralelos, o destaque foram os debates. Foram dois temas centrais - Cidades e Menos Faz Mais -, cujo foco era analisar os desafios que esperam os arquitetos na nova ordem econômica mundial.

Edifício do ano

     O grande vencedor do festival deste ano foi um projeto pequeno e simples. E, além do mais, completamente fora do eixo do cenário arquitetônico tradicional. Trata-se de um centro de interpretação em Mapungubwe, na África do Sul, desenhado pelo arquiteto Peter Rich. Antes de se apresentar para o superjúri e suplantar todos os outros vencedores das demais categorias, o sul-africano já tinha realizado um feito e tanto: ganhar em uma das categorias mais concorridas, a de Edifícios Culturais. Para se ter uma ideia, entre os 15 projetos que disputaram com Rich estavam trabalhos de autores como UN Studio (de Van Berkel & Bos), Populous, Norman Foster, Nicholas Grimshaw e Miralles Tagliabue (com duas obras).



     A apresentação de Rich ao superjúri foi mais poética do que técnica, tanto que as primeiras perguntas, feitas por Viñoly, diziam respeito à organização do projeto. “Como é a planta?”, questionou Viñoly, que queria simplesmente entender o funcionamento do prédio. O edifício está localizado na confluência dos rios Limpopo e Shashe e foi desenhado para abrigar artefatos pré-históricos da região. Por trás da proposta há um elaborado programa social, que começou a partir da construção e envolveu a população não só na execução, mas também na concepção do espaço. “Vou continuar em minha missão de servir os menos privilegiados, porque eles merecem”, disse Rich. Atualmente, ele desenvolve um projeto na Etiópia.



Completo em: ArcoWeb

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